Padrão ou tendência
- Fabio Gossi
- 30 de jun.
- 4 min de leitura

Resumo
É tipo ver três colegas usando bege e gritar “volta da monocromia!”.
Spoiler: pode ser só sexta-feira e a galera cansou de pensar no look.
Hoje é dia de falar sobre isso.
A diferença entre o que se repete e o que aponta pra frente
Padrão é aquilo que aparece com frequência.
Tendência é aquilo que aponta direção.
Um padrão pode ser só teimosia coletiva.
Uma tendência, quando bem lida, é sinal de mudança no ar.
O problema? A gente vive confundindo os dois.
Vê um comportamento repetido e já acha que precisa mudar tudo.
Ou pior: ignora sinais novos achando que é só modinha passageira — e aí quando vê, tá respondendo e-mail com IA enquanto o resto do time já virou prompt designer.
Soft skill: leitura contextual avançada
É a capacidade de perceber o que está estabilizado, o que está emergindo e o que é só barulho bem editado.
A função da análise: sair do dado e chegar na pergunta certa
Dado é o número nu e cru. “300 pessoas clicaram nesse botão.”
Informação é o dado com um quê de contexto. “300 pessoas clicaram nesse botão porque ele é vermelho e está piscando que nem enxaqueca.”
Mas ainda não basta.
A diferença entre quem analisa e quem só coleta é a de sabe fazer pergunta. Não é: “Quantas pessoas clicaram?”
É: “Por que clicaram? E o que isso diz sobre o que elas estão buscando?”
Soft skill: pensamento analítico com propósito
Não é saber ler gráficos — é saber o que perguntar olhando pra eles.
Dados são frios. Tendências têm temperatura.
Uma pesquisa da Harvard Business Review analisou o erro comum de confundir sinais com certezas.
A maioria das empresas que falham em inovação faz isso por um motivo simples: apostam no que se repete, não no que se revela.
Ou seja: você olha pra trás e tenta prever o futuro.
Mas tendência não aparece no retrovisor. Ela aparece no canto da sua visão periférica — meio tímida, meio estranha, meio “será que é isso?”
E aí, quem tem coragem de olhar com curiosidade, vê antes.
Quem espera o PowerPoint final… chega atrasado com a melhor planilha sobre o passado.
Soft skill: escuta exploratória
É estar mais interessado na pergunta que ainda não foi feita do que na resposta pronta.
Eu sinto que…
A gente vive num mundo onde tudo parece dado.
Mas pouca coisa é verdadeiramente lida com atenção.
E aí vem a armadilha: você trata exceção como regra. Ou ignora o novo porque não tem histórico.
E assim, segue fazendo mais do mesmo, mas com dashboards em alta definição. Boas perguntas fazem mais pela inovação do que cem relatórios impecáveis.
Soft skill: curiosidade aplicada
É transformar “estranho” em “e se…”, e não em “não tem nada a ver”.
No começo é sempre confuso
Identificar uma tendência de verdade exige treino, atenção e desconforto. Porque ela nunca vem com selo: “sou o futuro, aposta em mim.”

Ela vem torta, fraca, esquisita. Vem no comentário fora de hora, no comportamento que não encaixa no gráfico, na exceção que se repete discretamente.
E sim, às vezes você vai apostar errado. Mas não apostar nunca é garantir que vai sempre chegar depois.
Soft skill: tolerância à ambiguidade
É a paciência de conviver com o “não sei ainda” sem virar estátua de indecisão.
Like a pro
O mundo muda primeiro em silêncio.
Depois em ruído.
Depois em meme.
Depois em pauta do LinkedIn.
E se você quiser entender o que está acontecendo de verdade, vai ter que treinar o olhar não pra quem está falando mais alto — mas pra quem está fazendo diferente.
Soft skill: visão de futuro com pé no presente
Não adianta prever o próximo passo se você não entendeu onde o chão começa.
Exemplos para inspirar
💻 No home office:
Você percebe que as reuniões estão cada vez mais silenciosas, e acha que é só cansaço. Mas começa a ver que isso tá virando padrão.
Será uma tendência de apatia coletiva?
Ou o time precisa de outro tipo de espaço pra colaborar sem a obrigação do palco?
🏢 No presencial:
Você vê três pessoas no refeitório comentando preferirem trabalhar em casa.
Você pode ignorar — ou perguntar: será que estamos tratando o presencial como retorno ou como reencontro?
Às vezes, a tendência começa no cafezinho e não no comitê de inovação.
Para encerrar
Padrões dizem onde estamos.
Tendências dizem para onde podemos ir.
Quem aprende a diferenciar ambos ganha uma vantagem silenciosa: agir antes da multidão, com menos pressa e mais precisão.
Soft skill: cultura de percepção estratégica
Equipes que treinam esse olhar tomam decisões mais conscientes, menos reativas — e mais conectadas ao tempo real do que importa.
O que achou da edição de hoje da Paradoxo?
Na próxima edição: vamos falar mais de…

Descubra como a Conversa Colab tem ajudado profissionais e empresas a fazer perguntas melhores, reconhecer o que é sinal e o que é só ruído, e desenvolver a sensibilidade pra pensar com mais inteligência — e com menos chute.
Equipe Conversa Colab




Comentários